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sábado, 28 de novembro de 2009

PESCADORES DE AQUÁRIOS

Recentemente li um texto na Internet, com o título que encima estas linhas. Já pelas primeiras linhas eu passei a esperar algo raso, mas foi pior do que eu pensava.
Pra começar, o autor anunciou no título que escreveria sobre “pescadores de aquário” e acabou escrevendo sobre “peixes” que deixam seus aquários em procura de outros por um ilimitado número de razões. Na verdade, um texto escrito para justificar aqueles líderes de igrejas que recebem muitas pessoas de outras igrejas.

Talvez até pra aliviar o peso sobre os crentes que, ao enfrentarem problemas e dificuldades com seus líderes, preferem o caminho da transferência para outra igreja; mudam de igreja, mas continuam com o coração amargurado e cheio de ressentimentos que deveriam ser resolvidos pela terapia da Palavra de Deus, mas a fuga pra outra congregação acaba por postergar o tratamento e, em alguns casos, até inviabiliza-lo.

Mas ao menos o texto aludido serviu para nos ensejar uma reflexão séria sobre o tema: “Pescadores de Aquário”. Ou seja, líderes que sobrevivem dos peixes já pescados, ou das ovelhas já arrebanhadas. Tais líderes se caracterizam, pelo que temos observado ao longo dos anos, por uma série de condutas e traços de identidade, tais como:

1. Têm o foco sempre longe dos perdidos. As palavras de Jesus em João 4:35b ( “...erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa.” ) nada representam pra eles, pois sua preocupação não a urgência da pregação e conquista dos perdidos, mas sim o atrair pessoas que foram alcançadas por outras igrejas.
O problema aí, é que tais líderes perdem o propósito explicitado por Jesus na grande comissão. Mesmo que vociferem a favor dos propósitos de Deus, na verdade os rejeitam pela sua prática ministerial.

2. São preguiçosos e matêem o povo acomodado. Aqui as palavras sagradas menosprezadas são da lavra do apóstolo Paulo em II Timóteo 4:2 “que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.”
A situação aqui é terrível, pois a grande verdade é que para evangelizar, ganhar os perdidos, é preciso disposição para sair das quatro paredes, romper com a zona de conforto, quebrar os paradigmas do constrangimento e do medo e anunciar. Também é preciso criatividade, coragem e muito esforço. É preciso trabalhar! O líder precisa ir à frente e ganhar almas para Jesus. Muitos pastores nunca levaram a Cristo, pessoalmente, uma pessoa sequer! Optam pelo caminho mais curto, atrair pessoas que já foram alcançadas.

3. São tristes e frustrados no ministério. Também pudera... todos o domingos, se achegam ao púlpito e, lá de cima, olham a congregação e analisam os membros: “aquele veio da igreja tal, teve problemas com o pastor”, “aquela veio da outra igreja “x”, não foi visitada, ou queixa-se falta de atenção, “aquele outro ali, se desentendeu com a liderança daquela outra igreja”. Realmente deve ser frustrante.
A crise aqui nasce daquele sentimento de que, durante o tempo de ministério, o pastor não consegue identificar no santuário, pessoas arrancadas das trevas, do pecado, do mundo. Não podem ver quais foram aqueles que estavam nos braços de Satanás e foram tirados pela ação evangelizadora da igreja. Gente que saiu das seitas espiritualistas, esotéricas ou místicas. Gente que se gastava nas noites, nas drogas e nas orgias. Gente que estava longe da família e dominadas pelo inimigo. Ficar vários anos numa igreja e não poder ver isso, convenhamos, é muito frustrante.

4. São inseguros como líderes e fracos como pregadores. Nunca têm a direção para a igreja. O texto de Amós 3:7 “Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.”, nada representa para eles, pois não têm segurança para pregar todo o conselho de Deus.
A tristeza aqui é que o púlpito fica comprometido. Por não conseguirem pescar, se escondem atrás de uma ação pastoral inexistente e teórica. Suas mensagens não reproduções grotescas de sermões outros, de livros ou de improvisos infelizes. Pela misericórdia de Deus pelos perdidos, as vezes logram ser usadas por Deus, mas maior das vezes cumpre o papel litúrgico e só isso.
Terminando
Como puderam ver, os “pescadores de aquário” existem e são assim como colocamos. É claro que nossa lista não é completa apenas com as características mencionadas acima, poderíamos citar muitas outras. Mas essas bastam para que nos convençamos da existência deste tipo de líderes e oremos por eles para que sejam transformados.
Tem sido atribuía a Rubem Alves, educador renomado, a parábola do Eucalipto e do Jequitibá. Aquele, árvore comum e de valor diminuto; este, árvore milenar, robusta e de muito valor. Alves compara os professores aos eucaliptos e os educadores aos Jequitibás. E sentencia: “Nunca um eucalipto se transforma em um Jequitibá; a menos que dentro do eucalipto haja um Jequitibá adormecido.”

Assim também é com os profetas e os sacerdotes. Aqueles, homens a serviço de Deus, comprometidos com os propósitos de Deus, homens corajosos, pescadores de homens! Estes, sacerdotes, homens que trabalham pela manutenção do sistema, estão a serviço da instituição e vivem inseguros com medo de perderem sus empregos.
Nunca um sacerdote vai se transformar em um profeta; a menos que dentro dele, haja um profeta adormecido. Vamos orar para Deus acordar os pescadores de homens adormecidos dentro de muitos líderes de igrejas em nossos dias!




Lécio Dornas

Pastor batista em Salvador-BA

http://leciodornas.blogspot.com/

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