As coisas não devem estar mesmo boas, por que quando estão boas, o tempo parece voar, mas, quando estão rins, ou, ao menos, quando as percebemos como ruins, o tempo parece arrastar-se. E o tempo não anda, não é mesmo? Os dias estão longos, as noites, intermináveis, as semanas, sem fim... A folhinha regurgita os dias, e não avança... Vamos como aquela propalada calmaria atlântica...
Todavia, eu não acredito, não mesmo, no fechamento do Seminário. Não está em minhas mãos a decisão, mas eu não acredito. Não acredito que alguém quererá marcar sua história como quem fechou uma Casa de 102 anos. Em todo caso, não quero eu marcar minha vida como o Coordenador do fechamento, e, pior ainda, o Coordenador que não fez o que devia fazer. Uma coisa eu sei - não deixarei de fazer nada, absolutamente nada que, na condição de Coordenador, eu tenha que fazer, para a manutenção da Colina.
É meu trabalho. Não o direi que é minha missão, meu "destino", meu "chamado especial" - sou protestante: até varrer a rua é chamado especial pra mim! - essas coisas que tendem a fazer de nós mais do que realmente somos. Sou apenas um profissional, contratado e pago para fazer um trabalho. E o farei, como faria qualquer outro. No fundo, não há diferença entre você ser um balconista, um gari, um médico ou um Cooprdenador de Seminário - se tudo o que você faz, você faz com dedicação, responsabilidade, e, por que não?, como que para Deus, no fundo, é tudo a mesma coisa.
Nos é que acabamos achando que há coisas maiores que outras. É só os garis não passarem por uma semana, e você logo perceberá que um gari é tão importante quanto um gerente de banco. Aliás, há exatos dez anos que não sei o que é um gerente de banco, mas, de garis, dependo diariamente... Assim, não há nada de especial nesse cargo, conquanto muitos o queiram: é um trabalho, como qualquer outro, e o exercerei, enquanto dele for o titular, em absoluta consonância com minha chefia imediata.
Queria que o tempo corresse. Que chegasse logo agosto. Que o ano terminasse. Queria que a sangria acabasse logo, que o tempo das vacas magras terminasse definitivamente, e que chegassem os dias de sol. Mas esses dias têm sua importância. É nesses que a carne da gente é forjada. Não são nos dias felizes, alegres, de sucesso, que a gente aprende: é no dia ruim, no dia da chuva ácida, no dia do incêndio. Vou me esforçar então, aprender um pouco mais - porque, pelo andar da carruagem, vamos ter bastante tempo pra aprender bastante coisa... Na pior das hipóteses, sairemos melhores desses dias.
Osvaldo Luz Ribeiro
Coordenador Acadêmico
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